sábado, 23 de janeiro de 2010

A incerteza do futuro, ao mesmo tempo excitante e amedrontador

Estou vivendo uma época em que busco uma nova vida, acabei de me formar na faculdade, e estou estudando quase como um louco (quase, pq sei que poderia me dedicar muito mais) para passar em um concurso, e começar minha vida independente, com minha casa, meu emprego, etc... Quem me conhece e interage comigo deve estar de saco cheio de tanto que eu falo em concurso, pq é só o que vem na minha cabeça agora e, justamente por essa imaginação de como será meu 2010, percebo o quanto as páginas em branco a serem escritas na nossa vida, pelo menos assim eu vejo, podem ser tanto estimulantes, em imaginar as vitórias que poderemos ter, quanto ameaçadoras, ao imaginar as possíveis derrotas... É engraçado as contradições que ocorrem, tipo, quando era adolescente, desejava ser alguém diferente dos outros, alguém especial, no sentido de superior, de ter algo ou alguma capacidade que ninguém mais teria. Ao menos era isso o que achava, para depois descobri que, o que desejava, e o que geralmente as pessoas desejam, e especialmente os adolescentes, é se encaixar em um grupo, ser aceito socialmente por um grupo, ou seja, ser "normal", tendo como parâmetro algum grupo de referência. Não é a toa que existem os grupos de rockeiros, de emos, de pagodeiros, e esses estereótipos, principalmente na adolescência, representam a necessidade de se encaixar.

Lembro tb de referências de personagens nos quais afirmamos admirar, por exemplo, ja ouvi muitos falarem que gostariam de ser como Wolverine, aquele lobo solitário andarilho que parece ser auto-suficiente, mas, olhando melhor, parece que ninguém gostaria de estar só, e sim de ser alguém estiloso que as pessoas admirassem, então voltamos à necessidade de nos encaixar, ou não...

Em relação às incertezas do futuro, acontece também essa contradição, porque, ao mesmo tempo que no futuro estão as possibilidades de eu ter o que ainda não tenho, existem também as possibilidades de perder o que tenho. Sempre invejei aqueles que se atiram no desconhecido com a cara e coragem, que não têm medo de arriscar, porque eu gosto da segurança, do planejamento, e de arriscar sim, mas com base em toda uma reflexão e planos de alternativas de ação. Acho que por isso desenvolvi mais a minha razão, e vejo os benefícios que ela trás, mas tb vejo prejuízos, e o que falei acima é um desses prejuízos. Quando penso nisso, lembro sempre de um trecho do livro de Paulo Coelho, chamado Brida, onde a personagem, como uma forma de teste, acaba enfrentando passar uma noite em um bosque, sem nenhuma noção do que lá havia, e isso representa a coragem de enfrentar o desconhecido.

O futuro parece algo muito distante, e o passado, parece que nunca aconteceu. Vejo meu passado, e parece um filme que eu assisti, que se vc perguntar, sei falar sobre, mas que nunca vivenciei. E o futuro, bem, o futuro é o que nos motiva a viver, a vida em busca do que não se tem, ou de reconquistar o que se tem e que insiste em escapar, e a incerteza faz os afetos em relação ao futuro serem mais intenso, e torço para que a intensidade esteja ao lado da excitação, e não da hesitação.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Doenças, como me incomoda inventarem doenças...

Realmente, acho que tou sem ter o que fazer, pois me empolguei e vou escrever mais um comentário aqui, e dessa vez é sobre como as pessoas gostam de dizer que tudo o que se faz, quando não é aceito socialmente, significa uma "doença", e que "deve ser tratato". Atualmente, com os vários casos de pedofilia que passam no jornal, este tema passou a ser bastante debatido, e eu participei de uma conversa sobre o tema. E facilmente, dá para ouvir pessoas falando sobre ser o pedófilo um doente, que tem transtorno mental, e que deve ser tratado. E não ouvi isso em relação só a pedofilia, mas já ouvi, por exemplo, em relação a homossexualidade. E aí tem uma coisa que sempre falo, pq esse conceito genérico de doença me incomoda e muito, e vou dizer o porquê, daqui a pouco.

Primeiro, pensei por quase 1 semana inteira sobre o que seria doença, e, depois de conseguir criar uma definição que me satisfez por completo, em outro momento vi 2 autores que diziam a mesma coisa que eu pensei, e aí comecei a rir, em pensar que poderia ter chegado a aquela resposta de uma forma muito mais fácil, ao mesmo tempo que fiquei contente por ter pensado naquele conceito por conta própria.

Bom, doença, ao meu ver, é algum sofrimento incapacitante, sofrimento que atinge a uma proporção que dificulta a pessoa ter algum tipo de satisfação, prazer, sensação agradável. Por exemplo, uma dor de cabeça fraca não seria tão incapacitante quanto uma enxaqueca braba, então, dizer que estou doente pq tenho uma dorzinha besta de cabeça não faz muito sentido... E aí vem a questão: A meu ver, pedofilia só é doença se quem faz o ato faz com sofrimento, como um ato compulsivo; se faz o ato por safadeza, porque gosta mesmo disso não é doente, e sim um tremendo vagabundo sacana e sem noção, que está cometendo um crime hediondo, e merece pagar criminalmente por isso, mas não é doença. As pessoas usam do termo doença, em vários momentos, para na verdade dizer outra coisa, dizer: Vc age de uma forma que é uma ameaça social e, por isso, nós temos que mudar vc, porque, afinal de contas, ou nós mudamos isso de vc que nos incomoda, ou isolamos vc da sociedade, e não podemos isolar vc hj em dia... Quando alguém faz algo que incomoda a sociedade, a sociedade, ou isola, ou, se não pode isolar, modifica a pessoa para que não incomode mais, e isso faz sentido, não quero dizer q a sociedade é sempre malzinha, vilã, e etc, mas a questão é em que momentos isso acontece. No Brasil, como não se aceita pena de morte ou banimento do país, o jeito é éducar, ou melhor, sócio-educar. Portanto, acho importante darmos os nomes aos bois, para termos noção do que está em jogo. Se eu digo: o pedófilo é doente e precisa ser tratado, eu digo, com isso, que o que justifica tratar o cara é ele mesmo, e não que seria uma demanda social, enquanto que, se eu digo, ele tem uma conduta que nos ameaça e por isso precisamos sócio-educá-lo, diz que o que está em jogo são as ações dele incomodarem a sociedade, então a justificativa está no incômodo social, e o fato de isso nos incomodar.

Aí vc pergunta: sim, vc muda os nomes, mas pra mim quer dizer a mesma coisa, pra quê fazer essa distinção?
Aí eu digo: Em relação ao pedófilo, dá tudo no mesmo: No final das contas, o tratamento é muito importante sim, embora diga que não é pq ele é doente, e sim pq incomoda a sociedade, afinal de contas, quem vai querer deixar um cara que pega crianças solto, sem um mínimo de garantias que ele não vai pegar um filho seu?
Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, existem outros casos em que essa distinção é importante, e, por exemplo, temos a homossexualidade, e a representação da mulher, entre outros exemplos. Dizer que a homossexualidade é doença e, por isso, deve ser tratada, é dizer que o que justifica eu obrigar algum gay a fazer tratamento é pq está nele, ele é doente, e com isso mascaro o que realmente seria, a necessidade de tratamento pq as ações dele incomodam a sociedade. Ou seja, não é algo inerente a ele, e sim uma relação aí, que precisaria ser revista. Quem precisaria mudar seria ele, ou a sociedade, em buscar rever seus valores, e não se incomodar, ou ver que seu incômodo não justifica empurrar sua verdade e ideais goela abaixo? Mesma coisa foi o movimento feminista, busca por uma mudança em uma época em que as mulheres eram extremamente subjugadas, e alguma mulher falar em orgasmo, por exemplo, era considerado doença, e que deveria ser tratado... afinal, o que estava em jogo, não era o fato da sociedade conservadora estar incomodada? pelo fato dela estar incomodada, as mulheres que buscavam sua liberdade deveriam ser tratadas, pq eram "doentes"?

Por fim, quero deixar claro certas coisas, afinal, temas polêmicos geram sentimentos acalorados, e, se eu não deixar algumas coisas claro, ficarei extremamente incomodado:
1- Condeno fervorosamente a pedofilia, pois meu lema de vida é: Não busque magoar ninguém, nem causar sofrimento aos outros. Se caso o que vc quer fazer não vai fazer sofrer ninguém (inclusive aos animais, pq sentem dor como a gente), então pode ser feito;
2- O que condeno é se utilizar do termo "doença" para se justificar um controle social. Se o grupo social quer controlar e subjulgar seus valores, que não seja ao menos hipócrita de mascarar isso, dê o nome certo aos bois: Vamos fazer pq nos incomoda, pq nos ameaça.

Rotulações

Já ouvi discursos inflamados sobre o quanto as rotulações são ruins, assim como ouvi histórias sobre um tanto de coisas durante todos os dias e, em geral, essas histórias passam batido, sendo alvo de atenção somente quando a gente se identifica com elas, quando vivenciamos algo nessas histórias, de alguma forma. Quando dizemos: Sou médico, budista, ou qualquer outra filiação que seja, percebo agora que está carregada de certo fardo: Ser membro de algo quer dizer que vc representa aquilo, e isso faz com que os outros membros se sintam no direito de querer controlar vc. Racionalmente até que faz sentido, afinal de contas, se vc veste a camisa de algo que faz parte, ver outra pessoa que também compartilha aquela identidade com vc fazer lambansa (agora percebi que não sei como se escreve lambansa...) é irritante. Falo isso porque, no meu caso, amo a psicologia, e ver algum psicologo em um programa de televisão falando bobagem me revolta e muito, não dá pra evitar... Mas ao mesmo tempo sei que a questão das pessoas acharem que podem controlar vc só porque compartilham de uma mesma identidade, é um saco, e também me revolta. Alguém achar que devo fazer ou deixar de fazer algo por causa que temos um "nome" em comum associado é ser ridículo. O que eu penso é: Vc tem o direito de me cobrar algo se o que eu faço traz, diretamente, algum sofrimento pra vc ou para outra pessoa e, se esse não for o caso, não me cobre, pq eu NÃo DEVO fazer ou deixar de fazer nada.
Afinal, o que existe antes de eu ser pediatra, ou músico, ou ser qualquer outra coisa, é o fato de eu ser eu, e eu sou uma junção de muitas coisas, e muitos interesses. Quando era mais jovem (a pouco tempo atrás, pq ainda sou jovem) eu via pessoas falando com certa pompa sobre lerem alguns filosofos como Nietzsche e companhia e, com o perdão da palavra, achava tudo aquilo uma mariquagem, citar nomes de caras e dizer que leu só por modismo, pq hoje em dia até ser politicamente correto, socialista, e com discurso revolucionário e contestador, é algo pop (comprovei isso quando vi, no pânico na tv, na época que Bush veio ao Brasil, as justificativas que estudantes deram por estar fazendo uma manifestação contra ele, e uma das justificativas, só pra ver o nipe das respostas, era que "Bush é ruim pq ele comeu a mulher de Lula"...). Hoje em dia, ainda não li diretamente Nietzsche, mas li por outros autores, e foi na época que a questão das rotulações me incomodaram. E foi aí que me libertei mais, afinal, percebi que é ingenuidade acreditar que temos a verdade sobre algo, pq não há garantias sobre algo ser totalmente verdadeiro. O que a gente faz é buscar aquilo que mais nos satisfaz, e tentar empurrar goela abaixo as nossas verdades, é também ridículo. Enfim, acho que saí um pouco do tema, mas acho que nem tanto, como tudo aconteceu em uma mesma época, devem estar mais próximos do que imagino...


Só pra constar, quem for ler o que eu boto aqui, saibam de cara que sou um cara extremamente racional, e isso é a minha maior virtude e meu maior defeito. E resolvi fazer esse blog pq imagino que muitas pessoas se identificam com o que outras escrevem, e, neste momento, acabei de ver o blog de uma pessoa, e me identifiquei com certas coisas que ela pensou em uns textos, e possa ser que alguém neste Brasil imenso se identifique com o que penso, ou que seja útil de alguma forma, enfim... Ou foi a falta do que fazer, sei lá