sábado, 26 de março de 2011

Linguagem não verbal

Uma coisa que sinto falta, e que caiu a ficha só agora, é que na faculdade de psicologia, a gente não aprende a analisar de forma científica a linguagem não verbal. Na facul, a gente aprende a analisar o discurso, o que a pessoa fala, e de forma bem superficial, como fala (tipo, se demonstra de forma evidente tristeza, ansiedade, e outras emoções). A gente foca tanto no conteúdo, e aprende trocentas formas de entender esse conteúdo de forma embasada(pois existem trocentas linhas teóricas) e, no que se refere a linguagem corporal e expressões faciais, não aprende praticamente nada. Dizer que ela chorou quando falou sobre a infância, por exemplo, é dizer algo absurdamente óbvio, que qualquer pessoa percebe, e é isso o que a gente aprende. Comecei a ver a importância da linguagem não verbal quando fui ler um livro bem conhecido, O Corpo Fala (livro que, por sinal, achei muito ruim, mas pelo menos me fez pensar um bocado sobre o comportamento corporal). Neste livro, tem um trecho que fala que a maior parte da comunicação ocorre de forma não verbal, e isso é verdade, e foi aí que caiu a ficha, do quanto de informação eu negligenciava em um contato. Tem muitos sinais sutis que a gente não aprendeu a entender, um entendimento embasado em pesquisa e empirismo, e não feito de qualquer jeito, nos achismos que nós psicólogos às vezes usamos para explicar algo que não sabemos, pois parece que admitir que não tem uma resposta é um golpe no ego, sei lá. Lembro de uma amiga que, quando perguntaram sobre o porquê de gêmeos falarem as vezes que um sentiu o que o outro sentiu em um mesmo tempo, sendo que estavam em lugares diferentes, ela respondeu que Jung chama isso de insconsciente coletivo, e que era uma comunicação que temos, e outras coisas nada a ver, só porque não teve um pingo de humildade e dizer: eu não sei. Vamos ser humildes gente, psicologia é ciência, e não achismo da vida (momento desabafo)...

Continuando, o livro que citei, embora eu não tenha aproveitado informação nenhuma (admito que nem li todo pq só falava coisa nada a ver, com uma explicação que não convencia) me fez pensar sobre como é a linguagem corporal de quem está em um processo de introversão (fechamento de contato) ou extroversão (abertura de contato), sendo que essa introversão ou extroversão se manifesta em relação aos órgãos dos sentidos. Por exemplo, em relação à visão, dá pra entender o porquê de, quando estamos lembrando de um fato, geralmente desviamos o olhar para o chão ou para os lados (olhamos para o chão ou os lados pois queremos inibir os estímulos visuais e focar na memória visual), ou desviamos o olhar sobre algo que não queremos ver (quando está se aproximando alguém inconveniente). Outro exemplo é porque encolhemos o corpo,por exemplo,pessoas tímidas andam curvadas porque não querem interagir com o meio externo (introversão tátil ao meio externo); pessoas confiantes andam com peito estufado (demonstrando extroversão tátil, ou seja, vontade de interagir com o ambiente)e olham para frente (extroversão visual).

Depois, nem lembro como, acabei chegando no trabalho de um psicólogo americano, Paul Ekman, que fez muitos estudos sobre expressões faciais. Nele, por sinal, é quem se basearam para fazer o seriado Lie To Me, onde ensinam muita coisa, bem interessante!! Ainda não li os livros, vou comprar um dele que acabou de ter sua versão em português lançada (antes só tinha em inglês), mas já vi dois programas que ele lançou para treinar as pessoas para reconhecerem as expressões faciais e as emoções, e achei fantástico!!!! É por causa desses programas dele que me empolguei para escrever hj, sobre esse tema. Pessoal, baixem o programa, é muito legal. ele tem 3 programas: METT (micro expression training tools), SETT (subtle expression training tools) e o Facial action code system (FACS). Entrem na comunidade Paul Ekman que vcs descobrem como rodar esses programas. Super recomendados!!!
No programa, ele mostra imagens de pessoas e pede para vc identificar as emoções. essas imagens são passadas em frações de segundo. Tem todo um treinamento no programa, ele explica bem básico as contrações dos musculos em cada emoção. Mais uma vez, recomendo!!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Programação neurolinguistica

Comecei a ler neste fim de semana que passou um livro sobre PNL, de Steve Andreas. Ainda estou no começo do livro, e achei fantástica a proposta dele. De acordo com o livro, a pnl foi desenvolvida com o objetivo de buscar uma maior eficácia nas intervenções psicológicas, de buscar modificações rápidas do comportamento humano. Ele sugere que a gente aprenda a mudar os pensamentos que desencadeiam a sucessão de sentimentos e comportamentos pois, como nós agimos baseado no que pensamos das coisas, se mudarmos nossa forma de pensar, mudamos nossa forma de sentir e agir. Ele basicamente, no começo do livro, fala de 4 formas de lidar com a situação de ansiedade: Buscar pensar no que pode ser feito para superar isso; buscar focar nas oportunidades que podem ocorrer com a situação (ou seja, pensar nas coisas boas); buscar se distanciar afetivamente; e buscar , antes de encarar a situação, associar o contexto de ansiedade com algum sentimento positivo.

O que achei legal desse livro é que, pensando pela teoria de Bandura (teoria da aprendizagem social), o que esse livro de pnl fala, pelo menos no começo, faz todo o sentido, dá para ser muito bem embasado pelo pensamento de Bandura. Bandura fala que a ansiedade surge por envolver 2 percepções: perceber que a situação é ou será ameaçadora (expectativa de resultado), e perceber que não tem capacidade para lidar com ela (expectativa de auto-eficácia). Por exemplo, se eu achar que meu pai vai brigar comigo, e se eu perceber que eu não vou saber como lidar com ele, falar com ele, surge ansiedade em sua forma mais intensa. Se ele vier brigar comigo, mas me sinto confiante, pq sei como reagir, ou se eu for inseguro e não saber reagir em situações de conflito, mas sei que meu pai é tranquilo e não vai brigar comigo, então a ansiedade não toma maiores proporções. Pensando sobre Bandura, e unindo com Piaget, que fala sobre o desenvolvimento cognitivo da criança, penso que, de início, a criança só consegue visualizar sobre se uma situação é potencialmente ameaçadora ou não; depois que ela atinge o estágio operatório concreto, onde ela tem capacidade para pensar de forma mais ampla, de planejar suas ações, é que o fator de expectativa de auto-eficácia entra em jogo, e aí ficam os 2 fatores influenciando sobre se sinto maior ansiedade ou não.

Enfim, o que achei legal da pnl é que, já que esses 2 fatores são decisivos para se sinto ansiedade ou não, uma forma mais rápidade intervenção seria, ou mostrar para a pessoa o que ela pode fazer para ter capacidade de lidar com a situação (uma forma de "treinar" a pessoa para aprender a lidar da melhor forma para ela) ou tirar o foco da ameaça para focar na oportunidade, para focar em uma coisa boa que pode acontecer com aquela situação. O outro método, de distanciar da situação, tem a ver com remover o pensamento que gera os sentimentos e comportamentos de ansiedade, pois, se não penso, não sinto nem ajo. A meditação, por exemplo, traz uma proposta de vida pacífica, tranquila, justamente por aprender a desligar esses pensamentos. Já o último método, de associar a situação com sentimentos bons, tem embasamento, a meu ver, em técnicas comportamentais de dessensibilização, ou contra-condicionamento.

Nessa proposta da pnl, o bacana é que dá uma orientação para uma intervenção de curtíssimo prazo. Em um contexto de psicoterapia, lógico que é necessário um aprofundamento maior em algumas questões, mas, por exemplo, em um contato para resolução de problemas, uma orientação, essa abordagem pode ser bem útil, pois dá uma objetividade para intervenção. Esse livro me fez entender a teoria de Bandura de um jeito que não tinha pensado antes.