sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Rotulações

Já ouvi discursos inflamados sobre o quanto as rotulações são ruins, assim como ouvi histórias sobre um tanto de coisas durante todos os dias e, em geral, essas histórias passam batido, sendo alvo de atenção somente quando a gente se identifica com elas, quando vivenciamos algo nessas histórias, de alguma forma. Quando dizemos: Sou médico, budista, ou qualquer outra filiação que seja, percebo agora que está carregada de certo fardo: Ser membro de algo quer dizer que vc representa aquilo, e isso faz com que os outros membros se sintam no direito de querer controlar vc. Racionalmente até que faz sentido, afinal de contas, se vc veste a camisa de algo que faz parte, ver outra pessoa que também compartilha aquela identidade com vc fazer lambansa (agora percebi que não sei como se escreve lambansa...) é irritante. Falo isso porque, no meu caso, amo a psicologia, e ver algum psicologo em um programa de televisão falando bobagem me revolta e muito, não dá pra evitar... Mas ao mesmo tempo sei que a questão das pessoas acharem que podem controlar vc só porque compartilham de uma mesma identidade, é um saco, e também me revolta. Alguém achar que devo fazer ou deixar de fazer algo por causa que temos um "nome" em comum associado é ser ridículo. O que eu penso é: Vc tem o direito de me cobrar algo se o que eu faço traz, diretamente, algum sofrimento pra vc ou para outra pessoa e, se esse não for o caso, não me cobre, pq eu NÃo DEVO fazer ou deixar de fazer nada.
Afinal, o que existe antes de eu ser pediatra, ou músico, ou ser qualquer outra coisa, é o fato de eu ser eu, e eu sou uma junção de muitas coisas, e muitos interesses. Quando era mais jovem (a pouco tempo atrás, pq ainda sou jovem) eu via pessoas falando com certa pompa sobre lerem alguns filosofos como Nietzsche e companhia e, com o perdão da palavra, achava tudo aquilo uma mariquagem, citar nomes de caras e dizer que leu só por modismo, pq hoje em dia até ser politicamente correto, socialista, e com discurso revolucionário e contestador, é algo pop (comprovei isso quando vi, no pânico na tv, na época que Bush veio ao Brasil, as justificativas que estudantes deram por estar fazendo uma manifestação contra ele, e uma das justificativas, só pra ver o nipe das respostas, era que "Bush é ruim pq ele comeu a mulher de Lula"...). Hoje em dia, ainda não li diretamente Nietzsche, mas li por outros autores, e foi na época que a questão das rotulações me incomodaram. E foi aí que me libertei mais, afinal, percebi que é ingenuidade acreditar que temos a verdade sobre algo, pq não há garantias sobre algo ser totalmente verdadeiro. O que a gente faz é buscar aquilo que mais nos satisfaz, e tentar empurrar goela abaixo as nossas verdades, é também ridículo. Enfim, acho que saí um pouco do tema, mas acho que nem tanto, como tudo aconteceu em uma mesma época, devem estar mais próximos do que imagino...


Só pra constar, quem for ler o que eu boto aqui, saibam de cara que sou um cara extremamente racional, e isso é a minha maior virtude e meu maior defeito. E resolvi fazer esse blog pq imagino que muitas pessoas se identificam com o que outras escrevem, e, neste momento, acabei de ver o blog de uma pessoa, e me identifiquei com certas coisas que ela pensou em uns textos, e possa ser que alguém neste Brasil imenso se identifique com o que penso, ou que seja útil de alguma forma, enfim... Ou foi a falta do que fazer, sei lá

Um comentário:

  1. As rotulações dificilmente deixarão de existir, mais o social, esta cada vez mais evoluindo a ponto de rotular, mais não discriminar. É um longo processo pela frente mais na minha humilde opnião muito ja foi trabalhado nessa área. Um dia as pessoas verão as outras não pelo que representão, mais sim pelo que são, que é uma verdadeira junção de representação de instituições e valores com uma pitadinha da individualidade de cada um (como foi muito bem explanado nesse post). E só assim deixarão de apontar a vida da Geni, o que ela faz e deixa de fazer e verão ela como mais uma mulher como qualquer outro, e não como um alvo de pedras. E todos nós humanos somos passíveis de erro, então como bem diz o dito popular "quem tem teto de vidro não atira pedra no telhado alheio".

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