sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Doenças, como me incomoda inventarem doenças...

Realmente, acho que tou sem ter o que fazer, pois me empolguei e vou escrever mais um comentário aqui, e dessa vez é sobre como as pessoas gostam de dizer que tudo o que se faz, quando não é aceito socialmente, significa uma "doença", e que "deve ser tratato". Atualmente, com os vários casos de pedofilia que passam no jornal, este tema passou a ser bastante debatido, e eu participei de uma conversa sobre o tema. E facilmente, dá para ouvir pessoas falando sobre ser o pedófilo um doente, que tem transtorno mental, e que deve ser tratado. E não ouvi isso em relação só a pedofilia, mas já ouvi, por exemplo, em relação a homossexualidade. E aí tem uma coisa que sempre falo, pq esse conceito genérico de doença me incomoda e muito, e vou dizer o porquê, daqui a pouco.

Primeiro, pensei por quase 1 semana inteira sobre o que seria doença, e, depois de conseguir criar uma definição que me satisfez por completo, em outro momento vi 2 autores que diziam a mesma coisa que eu pensei, e aí comecei a rir, em pensar que poderia ter chegado a aquela resposta de uma forma muito mais fácil, ao mesmo tempo que fiquei contente por ter pensado naquele conceito por conta própria.

Bom, doença, ao meu ver, é algum sofrimento incapacitante, sofrimento que atinge a uma proporção que dificulta a pessoa ter algum tipo de satisfação, prazer, sensação agradável. Por exemplo, uma dor de cabeça fraca não seria tão incapacitante quanto uma enxaqueca braba, então, dizer que estou doente pq tenho uma dorzinha besta de cabeça não faz muito sentido... E aí vem a questão: A meu ver, pedofilia só é doença se quem faz o ato faz com sofrimento, como um ato compulsivo; se faz o ato por safadeza, porque gosta mesmo disso não é doente, e sim um tremendo vagabundo sacana e sem noção, que está cometendo um crime hediondo, e merece pagar criminalmente por isso, mas não é doença. As pessoas usam do termo doença, em vários momentos, para na verdade dizer outra coisa, dizer: Vc age de uma forma que é uma ameaça social e, por isso, nós temos que mudar vc, porque, afinal de contas, ou nós mudamos isso de vc que nos incomoda, ou isolamos vc da sociedade, e não podemos isolar vc hj em dia... Quando alguém faz algo que incomoda a sociedade, a sociedade, ou isola, ou, se não pode isolar, modifica a pessoa para que não incomode mais, e isso faz sentido, não quero dizer q a sociedade é sempre malzinha, vilã, e etc, mas a questão é em que momentos isso acontece. No Brasil, como não se aceita pena de morte ou banimento do país, o jeito é éducar, ou melhor, sócio-educar. Portanto, acho importante darmos os nomes aos bois, para termos noção do que está em jogo. Se eu digo: o pedófilo é doente e precisa ser tratado, eu digo, com isso, que o que justifica tratar o cara é ele mesmo, e não que seria uma demanda social, enquanto que, se eu digo, ele tem uma conduta que nos ameaça e por isso precisamos sócio-educá-lo, diz que o que está em jogo são as ações dele incomodarem a sociedade, então a justificativa está no incômodo social, e o fato de isso nos incomodar.

Aí vc pergunta: sim, vc muda os nomes, mas pra mim quer dizer a mesma coisa, pra quê fazer essa distinção?
Aí eu digo: Em relação ao pedófilo, dá tudo no mesmo: No final das contas, o tratamento é muito importante sim, embora diga que não é pq ele é doente, e sim pq incomoda a sociedade, afinal de contas, quem vai querer deixar um cara que pega crianças solto, sem um mínimo de garantias que ele não vai pegar um filho seu?
Mas, porém, contudo, todavia, entretanto, existem outros casos em que essa distinção é importante, e, por exemplo, temos a homossexualidade, e a representação da mulher, entre outros exemplos. Dizer que a homossexualidade é doença e, por isso, deve ser tratada, é dizer que o que justifica eu obrigar algum gay a fazer tratamento é pq está nele, ele é doente, e com isso mascaro o que realmente seria, a necessidade de tratamento pq as ações dele incomodam a sociedade. Ou seja, não é algo inerente a ele, e sim uma relação aí, que precisaria ser revista. Quem precisaria mudar seria ele, ou a sociedade, em buscar rever seus valores, e não se incomodar, ou ver que seu incômodo não justifica empurrar sua verdade e ideais goela abaixo? Mesma coisa foi o movimento feminista, busca por uma mudança em uma época em que as mulheres eram extremamente subjugadas, e alguma mulher falar em orgasmo, por exemplo, era considerado doença, e que deveria ser tratado... afinal, o que estava em jogo, não era o fato da sociedade conservadora estar incomodada? pelo fato dela estar incomodada, as mulheres que buscavam sua liberdade deveriam ser tratadas, pq eram "doentes"?

Por fim, quero deixar claro certas coisas, afinal, temas polêmicos geram sentimentos acalorados, e, se eu não deixar algumas coisas claro, ficarei extremamente incomodado:
1- Condeno fervorosamente a pedofilia, pois meu lema de vida é: Não busque magoar ninguém, nem causar sofrimento aos outros. Se caso o que vc quer fazer não vai fazer sofrer ninguém (inclusive aos animais, pq sentem dor como a gente), então pode ser feito;
2- O que condeno é se utilizar do termo "doença" para se justificar um controle social. Se o grupo social quer controlar e subjulgar seus valores, que não seja ao menos hipócrita de mascarar isso, dê o nome certo aos bois: Vamos fazer pq nos incomoda, pq nos ameaça.

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