Tem uma idéia de Jung que acho bem interessante: A valoração afetiva enquanto originada de uma tensão entre dois pólos opostos. Pelo que eu entendi, ele diz que as classificações que fazemos é baseada em uma comparação entre duas características opostas. Por exemplo, quando vc afirma que uma mulher é bonita, vc afirma isso pq vc comparou com uma idéia do que seria uma mulher feia; quando vc diz que alguém é alto, é pq vc comparou com uma idéia do que seria uma pessoa baixa, e isso acontece nos outros casos, como uma pessoa ser magra, inteligente, extrovertida, habilidosa, etc. Todas as classificações que fazemos baseados em valores (ou seja, classificações não-objetivas, pois as objetivas seriam descrições como: fulano mede 1 metro e 80, ou pesa 60 kilos) são classificações que só podem ser feitas se houver uma polaridade e, sem a polaridade, não existiria a valorização de uma característica. Por exemplo, nós só valorizamos a saúde pq conhecemos a doença e, quando estamos doentes, aí é que a comparação entre estar saudável e estar doente ocorre de maior forma; só valorizamos a vida quando conhecemos a morte e, quando passamos por uma experiência de quase-morte, aí é q valorizamos a vida, pois a comparação sobre viver e o morrer fica mais forte; quanto perdemos alguém (término de um namoro, morte amigo, ou familiar) é que sentimos falta da pessoa, caso gostemos dela, porque fica mais forte a comparação entre ter a pessoa por perto e não ter. Por isso que o ditado "só valorizamos quando perdemos" é válido.
No dia a dia, nos acostumamos com certas coisas, por exemplo, em estar saudáveis, ou em ver pessoas "normais", que têm 2 braços e 2 pernas, e por isso, esquecemos o que é estar doente, ou o que seria ter uma deficiência, e acabamos por maltratar o corpo. Comemos mal (mcdonalds da vida), não fazemos atividade física, as vezes nos expomos a perigos em busca da beleza (usar anabolizantes). Porém, quando estamos doentes, com enxaqueca pesada, ou perdemos a capacidade de andar, ou temos uma pressão altíssima, aí sim, valorizamos o que podíamos fazer. Talvez por isso exista tanto o foco em recuperar a saúde em vez de previnir, e uma forma de estimular a prevenção possa ser mostrar a realidade nua e crua.
Esse tema me faz lembrar da história bíblica de Adão e Eva: Viviam em uma paraíso, mas acabaram fazendo besteira, comeram do fruto proibido, e perderam o paraíso. A questão é que, justamente por não conhecer a morte, a fome, sede, ou seja, o que seria o não-paraíso, eles não tinham com o que comparar o paraíso. Da mesma forma que não valorizamos o fato de termos 2 braços e 2 pernas (só valorizamos qndo vemos uma pessoa sem braço ou sem perna, ou que não consegue andar, ou tetraplégica, por exemplo) e não valorizamos justamente pq geralmente não temos a visão do oposto, como então valorizar um paraíso, sem conhecer um mundo oposto a esse?
Teve um professor meu que falou uma vez uma frase que, a princípio parece confusa, mas na verdade faz todo o sentido: Se vc diz que todos têm uma mesma característica, então ninguém tem essa característica. Por exemplo, se todas as pessoas do mundo fossem bonitas, no mesmo grau e intensidade, se, por exemplo, todos fossem tipos gêmeos na questão de beleza, então, quem se sobressaltaria? Ninguém, pq todos são iguais. Ou seja, não tem pessoas feias ou mais bonitas para servirem de comparação. Logo, se todos fossem bonitos no mesmo grau, ninguém chamaria a atenção pela beleza, logo, ninguém seria bonito. Capitsche?
domingo, 8 de maio de 2011
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