quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Os perigos do desejo

No budismo, ou na bíblia, tem uma afirmação semelhante: O desejo gera sofrimento. O budismo diz que o desejo gera sofrimento na medida em que me frustro por não satisfazê-lo; a Bíblia diz que o desejo gera sofrimento no outro, na medida em que passamos por cima do outro para satisfazer nossos desejos. O desejo em si, penso, não é ruim, pois é o desejo, em um sentido amplo, que nos move, pois vivemos sempre em busca de algo, a busca é o que nos motiva. Uma busca por alimento, uma busca por amizade, por conhecimento, desenvolvimento fisico e mental, busca por namoro, em fim, a motivação para viver é a busca. O problema não é o desejo, mas a intensidade do desejo, pois, quanto maior a carga afetiva vinculada ao desejo, quanto mais intenso o desejo, maior o foco na sua necessidade, e menor o foco no outro. O desejo, quanto mais intenso, maior a tedência ao egoísmo e, quanto maior o egoísmo, menos nos preocupamos com o outro, ou seja, maiores são as chances do sofrimento do outro.

O ideal seria levarmos uma vida moderada, motivados por desejos menos intensos, pois teríamos certo controle, afinal, se um desejo não pudesse ser satisfeito, facilmente poderíamos nos adaptar e buscar a satisfação de outro. Por exemplo: Vamos supor que eu vá conversar com uma menina, eu a ache atraente. Poderia a primeiro momento buscar uma interação homem-mulher, mas, se eu observar que essa não é a intenção dela, poderia facilmente me adaptar para uma interação amigo-amiga, e assim, obter satisfação, felicidade dessa interação; porém, se meu desejo por ela for muito intenso, não me importarei de ser inconveniente, e forçarei um contato homem-mulher, o que a deixará irritada, chateada, enfim, será um contato desagradável. Quanto mais intenso o desejo, maior o controle que ele exerce sobre mim.

Utilizando um modelo que acho interessante de Jung, penso bastante válido pensar nos afetos da seguinte forma:
prazer excitatório--- prazer depressor----equilíbrio----desprazer depressor------desprazer excitatório

Sendo que os pólos são os pontos de maior desejo e carga afetiva (prazer excitatório-desprazer excitatório), quanto mais próximo do ponto de equilíbrio, menor a influência dos afetos, e quanto mais próximo dos pólos, maior a influência dos afetos. Portanto, quanto mais próximo dos pólos, maior a tendência ao egoísmo, e quanto mais próximo do centro, maior a facilidade de prestar atenção a si e ao outro.

Pazer excitatório quer dizer sensações agradáveis e um estado de euforia. Por exemplo, dançar uma musica agitada;
Prazer depressor quer dizer sensações agradáveis e tranquilidade. Por exemplo, deitado numa rede, olhando o mar e ouvindo o barulho das ondas (gosto de ouvir e sentir o cheiro do mar :P);
Equilíbrio quer dizer ponto onde não há nenhum afeto;
Desprazer depressor quer dizer sensação desagradável e acomodação. Por exemplo, tristeza;
Desprazer excitatório quer dizer sensação desagradável e agitação. Por exemplo, dor de barriga;

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